terça-feira, 5 de maio de 2009

Produção de Saberes na escola: Suspeitas e Apostas

O autor faz uma análise das práticas de saberes, avaliando-as por meio de seus diferentes agentes, incluindo as experiências cotidianas. Para tanto, levanta oito suspeitas quanto ao que estaria acontecendo com a produção de saberes na escola.

Dentro das práticas citadas, podemos verificar que estas nem sempre têm alcançado o objetivo maior da educação que deve ser a qualidade de ensino para o aluno, com todas as implicações que este exercício requer, demandando observar as medidas organizacionais do sistema de ensino, formular meios para que haja um bom desempenho profissional dos professores, aproximar a pesquisa acadêmica e o trabalho dos professores, converter o ensino acadêmico em saber pedagógico, aproximar as pesquisas do processo de ensinar e aprender, formar professores embasados nas ações práticas do dia-a-dia escolar, promover praticas escolares que conduzam a uma educação de qualidade, a utilização de parâmetros mínimos de organização e acompanhamento sistemático na implementação de políticas como critério de escolha entre propostas de ensino e não simplesmente o fato de ser esta mais moderna e por isto a melhor a se aplicar.

É importante que ao se formular este tipo da análise não se caia no reducionismo de pensar o professor como causador de todos os problemas do atual ensino, e isto é colocado no texto apontando também as dificuldades do professor indo desde a questão das séries iniciais deficientes e da oferta de formação continuada, o caráter predominantemente teórico de sua formação e o seu distanciamento da realidade na qual o profissional de educação irá futuramente atuar, até a questão salarial.

Gostaria de acrescentar os problemas enfrentados pelos graduandos de licenciatura da FEBF quanto à carência ao preparo para uma educação inclusiva como já é previsto em nossas leis, pelo menos no que se refere à geografia, não há nada inscrito obrigatoriamente em nosso currículo que nos possibilite abrir a visão para esta prática. Ao sairmos da universidade nos depararemos com turmas mistas, e teremos que aprender fazendo!

No entanto gostaria de ressaltar o esforço pontual de alguns professores em trazer o assunto para o debate.

Quando o professor recém formado chega a uma escola encontra uma realidade totalmente diferente daquela apregoada nas universidades, pois geralmente o embate cotidiano com problemas escolares diversos, a burocracia, juntamente com a degradação social e econômica da profissão, conduz a um descrédito quanto as teorias acadêmicas por parte dos professores que já têm suas práticas enrijecidas, e este momento que deveria ser de intercâmbio e reciprocidade acaba por não acontecer se este professor, que está adentrando no âmbito profissional não for determinado quanto a sua formação e ao mesmo tempo flexível para se moldar ao que for realmente edificável á sua atuação. É importante que haja uma associação entre a teoria e a prática de modo que ambos se complementem em um ciclo que é constante.

Outro ponto levantado e de grande importância foi o das práticas educacionais que têm sido formuladas antes para proporcionar uma resposta imediatista à sociedade, interessando somente os processos e não os resultados, desconsiderando-se a viabilidade de sua operação. É neste contexto de neoliberalismo que podemos falar dos ciclos que contribuem mais para trazer uma resposta quantitativa às pesquisas educacionais, do que para promover a qualidade cognitiva das aprendizagens.

O autor também traz contribuições no que diz respeito ao que seria possível para que estes problemas, ‘suspeitas’, sejam combatidos, e as intitula de ‘apostas’.

No bojo dessas apostas podemos perceber a importância da formação do professor, que é extremamente complexa, para que se alcance o objetivo de uma educação de qualidade, sendo para tanto necessário uma formação continuada que associe a teoria á prática, passando pelo domínio dos conteúdos, o uso da didática, o desenvolvimento das competências do pensar nos alunos, a preparação pedagógico-didática dos formadores de professores, avaliação do desempenho dos professores privilegiando também o processo educativo e os seus resultados e melhores níveis salariais.

Todo esse trabalho de qualificação profissional contribuirá para uma sociedade mais equillibrada e um ensino mais atual, possibilitando uma educação mais coerente e crítica.

A mudança, em qualquer sociedade, é um processo político. É fundamentalmente uma tentativa das classes dominantes de manterem a dominação, das classes intermediárias se associarem em seu proveito à dominação ou alterarem o seu conteúdo e as suas formas. Em sentido inverso, e uma tentativa das classes subalternas no sentido de modificar ou destruir a dominação. Pode-se ver que a polarização é muito complexa. (FERNANDES,1986, p.25)

Bibliografia

FERNANDES, Florestan. A formação política e o trabalho do professor. In: CATANI,D.B.

[et al] (orgs.). Universidade, escola e formação de professores. São Paulo: Brasiliense,

1986. p. 25.

Um comentário:

  1. Márcia, vocë fez uma reflexão muito boa! Parabéns! VocË focaliza os aspectos mais relevantes da análise do autor. Além disso, vocë se posiciona diante desses referenciais, articulando a discussão do autor com a realidade em que vivem como "professores em formação". Este referencial crítico é importante para a ampliação do conhecimento e, consequentemente, para provocar mudanças nas práticas educativas atuais.
    Muito bom! Continue refletindo dessa forma.

    ResponderExcluir